MISSÃO CONFUSA, ESTRATÉGIA INADEQUADA!

Seus resultados dependem de quem você é

Quantas e quantas vezes vemos empresas e organizações que têm missão definida, formalizada, muitas vezes divulgada em quadros nas paredes, mas as pessoas mal compreendem, e não cumprem essa missão em suas atividades cotidianas de seu trabalho.

Por outro lado, a missão nos orienta a definir objetivos com mais clareza, sentido, e que vão provocar maior sensação de pertencimento.

Costumamos traçar objetivos, e estratégias para alcançá-los, de acordo com aquilo que somos e desejamos fazer.

Por isto, trago a reflexão:

  • Você acha possível alguém se desenvolver profissionalmente sem saber quem é, sem ter clareza de seu papel?
  • Você já viu uma empresa crescer, sem ter clareza sobre seu papel perante clientes, sociedade, e até mesmo seus funcionários?

Trago ainda uma reflexão sobre a sua realidade, em relação a este assunto.

  • Até que ponto seu pessoal, incluindo diretores e gestores, conhecem a missão de sua empresa? Até que ponto você conhece a missão de sua empresa?
  • Vocês estão agindo em acordo com a missão?
  • Sua missão ajuda a alcançar seus objetivos?

Neste artigo, trato da Missão, e de sua importância na estratégia de uma empresa / organização. 

Por isso, deixe-me dizer uma coisa:

Missão e estratégia são inseparáveis!

Ou pelo menos deveriam!

Muitas empresas e organizações não percebem a conexão entre sua missão e suas estratégias.

Assim, pergunto:

Como sua missão está ajudando a evolução de sua organização?

No artigo SEM IDENTIDADE A ESTRATÉGIA NÃO ACONTECE, abordei a importância e aplicação da missão, propósito, valores e visão de futuro.

Neste artigo faço uma breve revisão sobre por que ter uma missão organizacional, o que é missão, e um roteiro básico de como estabelecer a missão.

Por que missão

A essência de uma organização é cumprir sua missão, sua razão de ser.

Qual a razão de ser da nossa empresa?

“A verdade é que tão raramente respondemos a esta questão, que esta pode ser uma forte razão para muitos dos fracassos de nossas empresas (Peter Drucker)”.

Esta argumentação de Drucker é, por si só, motivo suficiente para justificar a definição de missão para uma empresa ou organização.

Apresento cinco outras razões que justificam a definição da missão:

  • Ela dá significado e sentido ao que as pessoas fazem;
  • Ela orienta a seleção e definição de produtos e serviços
  • Ela ajuda a definir papéis e responsabilidades dos gestores;
  • Ela orienta a alocação dos recursos da organização;
  • Ela dá alicerce para a definição de objetivos corporativos.

Então vejamos o que é e o que compõe a missão.

O que é missão

A MISSÃO esclarece o compromisso e dever da empresa para com a sociedade. Essencialmente ela estabelece o que a empresa faz, dentro de seu negócio. É a proposta para a qual, ou razão pela qual uma organização existe.

Ela deve responder às questões:

  • Quem somos?
  • O que fazemos?
  • Para quem fazemos?
  • De que modo nos propomos a fazer?

A missão deve responder, basicamente, a duas questões básicas: o que se faz, para quem se faz.

A missão pode ter um complemento, incluindo algo relacionado a como se faz, mas de forma absolutamente opcional.

Vejamos o que é cada um dos elementos

O QUE se faz costuma ser respondido com VERBO + COMPLEMENTO. Aqui é comum incluir o tipo de solução que a empresa entrega, sendo frequente, mas não imprescindível, incluir produtos e serviços.

PARA QUEM se faz relaciona-se com o cliente, mercado alvo, ou segmento de atuação da empresa.

  1. O que se faz: verbo + complemento, podendo ser produtos e serviços 
  2. Para quem você faz o que faz
  3. Opcionalmente, como se faz.

Exemplos de missão simples

  • Google: “Organizar a informação do mundo e torná-la universalmente acessível e utilizável “;
  • McDonald’s: “Servir alimentos de qualidade, com rapidez e simpatia, num ambiente limpo e agradável”;
  • Disney: “Levar a felicidade a milhões de pessoas”;
  • Uber: “Criamos oportunidades ao colocar o mundo em movimento”…
  • Memorial Parque das Cerejeiras: “Guiar as pessoas na travessia da perda”

Embora missão seja algo tão simples de conceituar, vemos, com frequência, sentenças elaboradas, que confundem mais do que esclarecem.

10 erros comuns na adoção da missão

Com frequência, encontramos declarações de missão formuladas por alguém da empresa/organização que fez um curso, leu um manual de boas práticas de gestão, ou por que fazia parte do roteiro de planejamento estratégico feito na empresa. 

É necessário ressaltar que, mais importante do que formular uma declaração de  missão, é a sua efetiva prática por parte de todos que trabalham na empresa. 

A seguir, relaciono alguns dos erros mais frequentes na formulação e adoção da missão:

  1. Declarações de missão “clube do rei”, ou seja, sem consultar e envolver as pessoas que serão responsáveis em cumprir a missão. Você não precisa se preocupar em ouvir todas as pessoas que trabalham numa empresa de, por exemplo, 500, 1000, 10.000 pessoas, mas será importante fazer várias consultas às pessoas da organização, porque sempre será possível agregar contribuições dos diferentes grupos de pessoas;
  2. Declarações de missão sem conexão com a realidade da organização/ empresa. Muitas vezes “copiadas” de manuais de boas práticas de gestão, algumas declarações de missão usam até termos que as pessoas da organização desconhecem.
    • Exemplo: Suprir nossos clientes com  produtos de alta qualidade
  3. Declarações de missão extensas. Uma missão extensa desestimula as pessoas a compreenderem-na, e consequentemente, assimilarem-na;
    • Qualquer missão que contenha mais de 4 linhas, ou mais de 4 grupos de ideias tem grande chance de não ser assimilada, em função de seu tamanho;
  4. Declarações de missão genéricas, que não respondem o que a organização faz, e para quem o faz. A missão deve, de algum modo, responder o negócio ou segmento de atuação da empresa;
    • Exemplo: Satisfazer plenamente as necessidades de nossos clientes
  5. Declarações de missão que não servem de orientação para a ação. Satisfazer clientes é muito bom, mas não orienta sobre como fazer isso acontecer no dia a dia do trabalho;
    • Exemplo: Atender nossos clientes com produtos e serviços inovadores:
  6. Declarações de missão não compartilhadas com as pessoas que serão responsáveis em executar a missão;
  7. Achar que publicar a missão em quadros na parede é suficiente para sua disseminação, compreensão e adoção;
  8. Declarações de missão não compreendidas, não assimiladas, e principalmente não praticadas pelas pessoas da empresa/organização. Pergunte-se sobre o conteúdo – não precisa decorar, basta saber o conceito – da missão de sua organização. Compare as respostas dos gestores e verifique se há mais convergência ou discrepâncias significativas;
  9. Declarações de missão imutáveis. A missão de uma empresa não muda de um mês pro outro, nem mesmo de um ano para o outro. Mas ao longo do tempo, é perfeitamente possível que ela seja ajustada, em função de realidades e desafios enfrentados pela empresa. Portanto, uma declaração de missão deve ser ajustada e atualizada ao longo do tempo; 
    • Exemplo da missão da IBM ao longo do tempo:
    • 1950: processamento de dados;
    • 1960: manipulação de informações;
    • 1960: solução de problemas;
    • 1970: desenvolvimento de alternativas;
    • 1980: otimização de negócios;
    • 1990: satisfazer às necessidades de resolução de problemas de negócios
    • Hoje, a missão da IBM é oferecer soluções rápidas e criativas para problemas de gerenciamento da informação
  10. Declarações de missão com uso de palavras e termos da moda, mas que não fazem sentido para as pessoas da empresa.
    • Exemplo: transformar o mindset para tracionar clientes

A seguir apresento uma experiência que tive, em acompanhar a evolução da missão de um grupo empresarial.

Uma declaração de missão em 3 tempos

Compartilho, em seguida, uma de minhas melhores experiências em participar da evolução de missão de uma empresa. Apresento a seguir, 3 versões da missão do Grupo Vila, com comentários. 

  • 2005: “Prestar serviços de excelente qualidade, respeitando as pessoas, levando tranquilidade, conforto e dignidade aos nossos clientes”
    • Esta versão é bem objetiva, e mostra que a empresa atua em serviços. Entretanto, nesta versão não fica claro que tipo de serviços, nem o cliente ou o segmento de atuação da empresa (mercado/negócio);
  • 2011: “Prestar serviços funerários, primando pela tradição de respeito às pessoas”
    • Esta versão ficou mais curta e ainda mais objetiva. Aqui foi incluído o segmento de atuação, o que responde o cliente/mercado alvo. Nesta versão, foi incluída também como a empresa faz sua “entrega”; 
  • 2015: “Fazer com que os enlutados se concentrem tão somente na despedida e na preservação da memória de seus entes queridos”

Esta versão ficou um pouco maior que a anterior, porém ela ganha muito em conteúdo, traz a força do fazer, orienta e direciona o que fazer, no sentido de deixar os clientes receberem o melhor serviço, e se dedicarem ao que mais precisam, num momento difícil da vida.

7 passos para definir e executar sua missão

Apresento 7 passos para você definir, compartilhar e fazer gestão da missão.

  1. Defina adequadamente a missão de sua organização. Atente para os conceitos envolvidos, termos claros e legíveis, facilidade de compreensão, e sua pertinência com a realidade de produtos e serviços. Se possível, utilize expressões simples e motivadoras. Ou seja, saia do senso comum de usar chavões de livros e manuais, e faça uma “missão com tesão”, isto é, uma missão que instigue as pessoas a agirem;
  2. Compartilhe com todos, sem entretanto limitar-se a afixar a missão em quadros e paredes, como se isso fosse suficiente para sua compreensão;
  3. Verifique a assimilação. Acompanhe, pergunte, teste a assimilação da equipe sobre o conteúdo. Não se limite a perguntar “compreenderam?” e ouvir um sim como resposta. Faça perguntas complementares, até mesmo questões polêmicas, que testem a assimilação correta;
  4. Discuta situações reais de aplicação. Discuta situações hipotéticas, simule situações desafiadoras, que vão até o limite do cumprimento da missão;
  5. Acompanhe a utilização prática da missão. Monitore a prática, teste, analise situações positivas e situações negativas do cumprimento do esperado;
  6. Faça correções, ajustes ou melhorias da missão. A missão não é estática, definitiva. Ela pode, e deve, ser ajustada, melhorada, e até mesmo corrigida, se algo incompatível for identificado;
  7. Faça a gestão da missão. Em outras palavras, marque data para revisão e atualização.

Faça o Planejamento Estratégico Ágil

Uma das melhores formas de integrar a missão à execução da estratégia é  através do planejamento estratégico ágil.

Está precisando adotar estratégias ágeis em seus negócios? Está sem tempo para fazer o planejamento estratégico estruturado e aprofundado que gostaria de fazer? 

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Nota: Todas as fotos utilizadas neste artigo foram obtidas junto ao Site Pixabay.